‘ACHEI QUE ÍAMOS MORRER’: MÃE RELEMBRA RESGATE HERÓICO DE POLICIAL EM ESTAÇÃO DE METRÔ DE SP

Soldado Valério ficou ajudando as vítimas da enchente até a chegada do apoio; Grazielle e seu filho esperavam por socorro em cima das catracas
“Meu filho estava se afogando”. Foi esse o pesadelo que Grazielle Feitosa, 24, enfrentou na tarde da última sexta-feira (24), dentro do metrô Jardim São Paulo-Ayrton Senna, na zona norte da capital paulista. Ela e o filho foram duas das vítimas resgatadas pelo soldado Alexandre Valério, do 9º Batalhão Metropolitano.
Chovia torrencialmente quando Grazielle desembarcou com Samuel na estação. Ela tentou sair, mas foi impedida pelo volume da água. A solução foi se agarrar com o filho em cima do corrimão e esperar.
Um desconhecido se ofereceu para levar o menino para fora da estação, mas no caminho se desequilibrou e a criança caiu na enxurrada. “Foi desesperador. Meu filho estava se afogando. Pulei na água e consegui puxá-lo pela alça da mochila, até bati as costas na catraca. Quando não tinha mais forças, o policial apareceu para nos ajudar”, contou. Os dois foram salvos, mas a mochila com todo o material escolar do ano se perdeu na enchente.
“A água já estava na altura da cintura em alguns pontos. Minha única preocupação era garantir que não havia ninguém debaixo d’água”, relatou o soldado, que estava a caminho do trabalho quando foi pego pela chuva e resolveu se abrigar na estação. Poucos minutos depois, quando a água tomou conta de tudo, ele começou a ajudar pessoas que se agarravam a corrimãos, grades e catracas.
Despedida pelo celular
Mesmo após o resgate de mãe e filho, havia ainda pessoas que estavam ilhadas no local. Uma das vítimas era a bancária Patrícia Souza, de 32 anos. Foi por ela que o pedido de socorro chegou ao marido, policial militar do 5º Batalhão Metropolitano.
Ao receber a mensagem, o cabo Eduardo Ribeiro se juntou ao também cabo Vinícius Galindo e o soldado Marco Antônio Araújo e foram até o local.
“Não tinha nenhuma chance da gente sair dali sem algum apoio. Eu via as pessoas sendo arrastadas e achei que eu fosse a próxima”, disse a bancária. Ela lembra que algumas pessoas chegaram até a se despedir dos parentes pelo celular, prevendo o pior.
A situação ficou ainda mais grave quando a correnteza começou a trazer caixotes e cadeiras vindos de uma feira e um restaurante próximos da estação. O soldado Valério e o cabo Ribeiro foram atingidos na perna com pedaços de madeira enquanto faziam o resgate.
No total, cerca de 40 pessoas foram resgatadas e levadas até um local seguro pelos 4 PM’s. Apesar da grande volume de água, ninguém morreu afogado. “Eu só dizia que nada de ruim iria acontecer. Para eles confiarem em nós. Quando vi minha esposa bem e salva, me deu alívio. Só me deu mais forças para continuar”, disse Ribeiro.
“Muitas pessoas vieram nos agradecer depois. Ali deu ainda mais orgulho de fazer esse resgate usando a farda da PM”, finalizou o agente.