IMPORTADORES NORTE-AMERICANOS SUSPENDEM COMPRA DE METADE DO MEL EXPORTADO PELO CEARÁ

O envio de metade do mel que seria exportado aos Estados Unidos em 2025 pelo Porto do Pecém, no Ceará, foi suspenso. Compradores norte-americanos interromperam as negociações devido ao ‘tarifaço’ imposto por Donald Trump.
As compras suspensas correspondem a 50 contêineres de mel, com cerca de mil toneladas do produto, segundo Augusto Fernandes, CEO da JM Negócios Internacionais, empresa especializada em despacho aduaneiro e frete internacional.
O montante corresponde a metade da produção que é enviada anualmente pela Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) via Porto do Pecém, conforme o especialista. Os valores dos contratos suspensos não foram divulgados.
O Diário do Nordeste tentou contato com a Casa Apis, mas não obteve retorno. A associação, sediada no Piauí, beneficia o mel produzido na região, inclusive no Ceará, e venda ao exterior.
Augusto Fernandes aponta que os compradores irão decidir retomar ou cancelar definitivamente a compra após 1º de agosto, quando a tarifa de 50% entraria em vigor.
“Nem todos os contratos foram cancelados ainda, estão suspensos. Por ora, todos os novos embarques foram suspensos. Os que estavam agendados, foram cancelados os agendamentos, gerando custo para o exportador”, afirma.
O último envio de mel pelo Porto do Pecém foi realizado no domingo (13), após dois dias de suspensão. Cerca de 95 toneladas de mel foram enviadas após apelo dos produtores.
MEL É UM PRODUTOS MAIS EXPORTADOS PELO CEARÁ AOS EUA
O mel é um dos produtos mais exportados pelo Ceará aos Estados Unidos, o que levanta preocupações no setor com o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump.
Para importar um produto brasileiro a partir de 1º de agosto, os compradores estado-unidenses devem pagar 50% do valor do produto em tarifas. A alta súbita do imposto pode afugentar os clientes brasileiros.
A situação se torna mais grave para o setor porque grande parte da produção de mel de abelha cearense é voltada para a exportação.
O apicultor e engenheiro agrônomo Paulo Airton de Macedo e Silva destaca que praticamente toda a safra do mel cearense de 2025 já foi vendida às indústrias de beneficiamento. A preocupação recai sobre a produção de 2026.
“O nosso mel é diferenciado. Já exportamos muito para a Europa, que é um mercado que paga melhor que os Estados Unidos. Mas é preciso que as associações detenham certificação orgânica para voltar a exportado ao mercado europeu”, aponta.