Chamado Safast, o aplicativo cruza boletins de ocorrência com mapas urbanos para sugerir caminhos alternativos longe de áreas de risco


Um grupo de alunos de Ciência da Computação do Centro Universitário FEI criaram o projeto Safast, um aplicativo urbano que ajuda usuários a se deslocarem por rotas mais seguras na cidade de São Paulo, evitando regiões com maior índice de criminalidade. A iniciativa foi reconhecida dentro do evento de inovação da instituição, o INOVAFEI. Além de vencer na categoria do curso, o projeto também foi reconhecido na categoria geral, que engloba todos os cursos da universidade, destacando-se entre iniciativas inovadoras de diferentes áreas.


O projeto foi desenvolvido por quatro alunos: Bruna Borelli, Guilherme Quirino, Pedro Lucas Adorno e Rodrigo Doraciotto, com orientação da professora Leila Bergamasco, do curso de Ciência da Computação e CDIA da FEI.


O aplicativo Safast utiliza o algoritmo A* para calcular rotas, integrando dados de Boletins de Ocorrência (B.O.s) da cidade de São Paulo ao grafo de ruas, importado com a biblioteca Python OSMNX — uma ferramenta amplamente utilizada na análise de mapas urbanos, capaz de construir gráficos detalhados de ruas e avenidas de qualquer cidade a partir de dados geográficos públicos.


Durante os testes, o Safast foi aplicado em rotas envolvendo regiões como Butantã, terminal do Jabaquara e Pinheiros, além de trajetos específicos, como do Farol Santander até a Faculdade de Filosofia da USP. No evento do INOVAFEI, o app ficou disponível ao público para uso experimental, permitindo que os participantes inserissem endereços de casa ou do trabalho e visualizassem caminhos alternativos. Embora esses dados não tenham sido armazenados, a iniciativa serviu para validar a proposta e evidenciar o potencial impacto social do aplicativo.


Diferentemente de sistemas convencionais de navegação, o algoritmo não considera apenas a distância: os crimes registrados são transformados em pesos, ou seja, valores numéricos atribuídos às conexões entre ruas no grafo. Quanto maior o risco em determinada região, maior o peso, fazendo com que o algoritmo priorize caminhos mais seguros. “Diversos testes e análises foram realizados até alcançar um resultado satisfatório”, explica Rodrigo Doraciotto, participante do projeto.


Embora o projeto ainda não cubra todos os bairros com dados criminais completos, o Safast tem potencial de integrar outras bases públicas e pode ser expandido para diferentes cidades, como o Rio de Janeiro, caso existam dados compatíveis. “Nosso objetivo é tornar os deslocamentos urbanos mais seguros, utilizando informações reais e históricas para orientar os usuários”, reforça Rodrigo.


O desenvolvimento da plataforma enfrentou desafios, principalmente relacionados ao acesso limitado a dados de ocorrências e à necessidade de recursos computacionais robustos, fornecidos por serviços pagos de hospedagem e armazenamento em nuvem, como AWS (serviço de armazenamento e processamento de dados) e Railway (plataforma para hospedar aplicações e servidores). Além da criminalidade, o grupo analisou fatores como iluminação, sinalização e velocidade das vias, mas a limitação de tempo e dados disponíveis restringiu a análise aos critérios essenciais.


Esse software já possui um protótipo funcional, mas foi temporariamente desativado após o evento devido à utilização de serviços pagos. O grupo planeja continuar o desenvolvimento, visando registrar a patente e aprimorar a plataforma, incluindo funcionalidades de navegação e testes em situações reais.


O aplicativo nasceu de uma reunião entre os integrantes do grupo, que buscavam propor uma iniciativa capaz de gerar impacto social positivo. “Foi o reconhecimento de todo o esforço investido no projeto e a certeza de que a ideia tem potencial de transformar a experiência de mobilidade urbana”, relatam sobre a vitória no INOVAFEI.


Quanto ao impacto social, os estudantes acreditam que o Safast pode reduzir significativamente os riscos de deslocamento, ao orientar os usuários para evitar regiões com maior incidência de crimes. Combinando ciência da computação, análise de dados e propósito social, a iniciativa mostra como a tecnologia pode ser aplicada para tornar as cidades mais seguras e conscientes. O reconhecimento no INOVAFEI reforça como a inovação tecnológica desenvolvida na FEI pode se transformar em soluções reais para os desafios das cidades.

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