Cerca de 200 pessoas participaram do evento, que comemorou as atividades realizadas ao longo de 2025; projeto incentiva autonomia dos usuários

Há cerca de três anos, Paulo Amaral, 33 anos, pratica canoagem, na Represa Billings, dentro do Parque Estoril. Foi lá, que segundo suas próprias palavras, ele encontrou seu equilíbrio e hoje se sente uma pessoa completamente livre. Paulo é paciente do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Selecta, de São Bernardo, e é um dos cerca de 50 participantes do programa Remando para a Vida, que reúne pacientes de todos os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de São Bernardo para a prática esportiva. Os participantes, seus familiares e os trabalhadores da Saúde Mental se reuniram na sexta-feira (12) para celebrar as atividades de 2025 no Parque Estoril, onde fica a sede do projeto.

Com diagnóstico de borderline, um tipo de transtorno de personalidade, Paulo conta que foi com a terapia realizada na água e fora dela, pelos educadores do programa, que ele conseguiu, aos poucos, parar com a medicação que ele usava. “É uma condição que vou conviver para o resto da vida, mas com essa ajuda consigo viver plenamente em paz, feliz, tranquilo. O esporte me ajudou, me salvou, e estar aqui me lembra que eu também posso me ajudar, me salvar, me restaurar”, completou. 

A sua habilidade da água fez de Paulo um ajudante durante as terapias, que começam com um alongamento em grupo, antes dos participantes entrarem na água. Cada CAPS leva seus pacientes ao local uma vez por semana. A educadora do programa Rosana Costa explica que a atividade colabora para a autonomia dos pacientes. “Ajuda com o medo e não é só da água. A gente faz terapia, a natureza também é uma coisa importante. E aí a gente junta as duas coisas: a parte física e mental”, relata. Rosana conta como o trabalho com os pacientes do CAPS é de aprendizado diário. “A gente vê que com estímulo eles podem fazer qualquer coisa.”

E podem mesmo! Nem o fato de não saber nadar impede que Maria Aparecida Silva Francã, 57, a Cidinha, referenciada no CAPS Rudge Ramos, participe das atividades na água. “Eu estava na inauguração do CAPS, fiz até uma comida para todo mundo naquele dia. E aqui no Remando eu gosto muito, participo sempre. Um dia caí na água, mas estava de colete e ficou tudo bem”, relembrou. Para Alessandro Albaracin Torres, 44, referenciado no CAPS Centro, depois das aulas a sensação é que “a cabeça está funcionando certo”.

A coordenadora do Remando para a Vida, Fabiana Ramos, conta que o programa existe há mais de 10 anos, e está sendo retomado após um período de poucas atividades. “Os pacientes vem para cá indicados pelos CAPS, como uma atividade terapêutica, que tem efeito muito positivo em praticamente todos os casos, todas as patologias que são acompanhadas. Ajuda a lidar com a depressão, com a tristeza, dá autonomia e um suporte ou às vezes até uma alternativa à medicação, dependendo dos casos”, conclui.

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