ATELIÊ CORPO – POÉTICA DAS ÁGUAS COMPARTILHA VÍDEO SOBRE SUAS VIVÊNCIAS NO CAPS ALVARENGA

Oficinas no CAPS Alvarenga criam espaço de escuta afetiva e ajudam pessoas a cuidar da saúde mental

O Ateliê Corpo – Poética das Águas e Saúde Mental acaba de concluir sua primeira edição no CAPS Alvarenga, em São Bernardo do Campo. Realizado de março a julho de 2025, o projeto teve a participação de 64 usuários do serviço, que atende diversos bairros da região, como Alvarenga, Alves Dias, Assunção, Jardim das Orquídeas, Jardim Ipê, Jardim Nazareth, União, Vila Marchi e Vila Rosa.

Inspirado pela fluidez da água e guiado por referências como Antonio Lancetti, Ailton Krenak e Nego Bispo, o projeto propôs um olhar sensível sobre a saúde, apostando na arte, no brincar e na escuta do corpo como caminhos para o bem-estar coletivo.

Além das vivências, o projeto distribuiu gratuitamente 30 tapetes de yoga aos participantes, como forma simbólica de levar para casa um espaço de cuidado, escuta e presença. Os tapetes que permaneceram no CAPS continuam disponíveis, ampliando o acesso às práticas corporais e deixando sementes para futuras ações.

Idealizado pelas artistas e pesquisadoras Biá Torres (@beutriz) e Verônica Carneiro (@vevacarneiro), o Projeto Ateliê “Corpo – Poética das Águas e Saúde Mental” foi contemplado pelo edital Aldir Blanc II em São Bernardo do Campo. Por meio da arte, o projeto criou uma rede de encontros e cuidado, ajudando cada participante a se reconectar com o corpo como espaço de liberdade, expressão e presença.

A metodologia do projeto foi pensada como um organismo vivo, que se adaptava ao ambiente e às vivências do grupo. Em cada encontro, Biá conduzia práticas corporais que despertavam escuta, respiração, presença e improvisações inspiradas na água. Verônica, em escuta atenta, encerrava as vivências com rodas de conversa e, depois, escrevia uma crônica sobre a experiência — assim como Biá. Esses textos serviam para reflexão e ajuste dos próximos encontros, sempre em sintonia com o grupo.

Mais que registro, as crônicas revelavam o não dito: gestos, silêncios e afetos que escapam à linguagem. “É uma escuta sensível ao invisível”, dizem as artistas, “um registro dos afetos e das improvisações que brotam quando o corpo fala antes da palavra.”

O Ateliê Corpo – Poética das Águas e Saúde Mental deixou marcas significativas nos participantes do CAPS Alvarenga. Com propostas sutis e sensíveis, o projeto gerou mudanças concretas na saúde mental e na relação com o próprio corpo. Muitos passaram a perceber emoções e movimentos antes invisíveis.

“Nosso ateliê está fazendo sentido. Para além de fazer sentido, está fazendo sentir”, escreveu Biá, após ouvir de um participante como passou a reconhecer seus próprios processos internos. Em outra vivência, uma mulher com dores crônicas relatou que conseguiu esquecer a dor durante os encontros.

O impacto também foi reconhecido pela equipe do CAPS. “Foi nítida a diferença no grupo. Trouxe a humanização do afeto e do saber”, afirmou Daniel Ramos Caldas, gerente da unidade.

A experiência funcionou como um ritual de passagem para quem, agora, se move com outras águas dentro de si.

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