Evento trouxe o tradicional Batuque Abayomi, o espetáculo “Ancestralidade” e ainda levantou debates sobre o racismo na cidade

Ainda como parte das comemorações do Dia da Consciência Negra, o Centro Cultural Canhema, conhecido como Casa do Hip Hop, foi palco de mais um evento da 24ª Kizomba – Festa da Raça. Dessa vez, as mulheres do Batuque Abayomi promoveram um encontro de culturas negras com senhoras do Projeto 60+ e com a população do bairro, levantando questões sobre o racismo na cidade e como combatê-lo.

Ivonice Pinho Santos, do comitê de figurino do Abayomi, está no batuque desde o começo, há 15 anos, e não perde a Kizomba: “A cultura negra realmente tem uma raiz em Diadema e aqui eu sinto que faço parte desta cultura, é uma coisa muito forte”, afirmou ela, que toca caixa no batuque. Para ela, é muito importante um evento deste porte contar com todo o apoio da Prefeitura: “Sem o apoio, os artistas negros não conseguem. Precisamos dos centros culturais, das estruturas, da divulgação. Diadema tem muito artista, só precisa incentivar.”

O evento foi aberto por membros do Conselho da Igualdade Racial de Diadema, com membros do movimento negro e do governo, que conversaram com a plateia sobre a questão do negro na cidade. Dentre as falas, a certeza de que não basta apenas não ser racista, é preciso ser antirracista. Em 2023, Diadema ganhou o certificado de Cidade Antirracista das mãos do Ministério Público de São Paulo. E, em 2024, pesquisa do Instituto da Mulher Negra reconheceu o município como referência em educação antirracista.

Na sequência, entraram as mulheres do Projeto 60+, reapresentado seu espetáculo “Ancestralidade”, que já tinha sido apresentado no Campanário. Para Marta Aparecida dos Santos, 60, nascida e criada na Vila Conceição, essa atividade bebe na fonte de nossas raízes musicais para mostrar que a gente quer cantar mais, se mostrar mais, e a gente não só quer como pode. E deve”, contou ela.

Malu Vieira, 52, moradora do bairro, surpreendeu-se com o batuque e foi até o centro cultural descobrir o que era. Encantou-se – tanto que foi buscar a sogra, a cunhada e a sobrinha. “Eu tava indo pra casa, vi a dança, a música… Apesar de ter nascido no Canhema, só vim aqui umas três vezes só. Hoje tomei coragem”, revelou. “Se mais gente conhecesse essa cultura, aqui estaria muito mais cheio. E essa discussão do racismo é muito forte, porque está tendo muito, principalmente nas escolas.” A sobrinha concordou com a cabeça e contou sobre uma amiguinha ter sido chamada de macaca. “Só porque era negra.”

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