CATEDRAL DA SÉ LOTA EM ATO INTER-RELIGIOSO PELOS 50 ANOS DA MORTE DE VLADIMIR HERZOG

Cinco décadas após o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, a Catedral da Sé, em São Paulo, voltou a reunir centenas de pessoas em um ato inter-religioso dedicado à memória das vítimas da ditadura militar. Organizado pela Comissão Arns e pelo Instituto Vladimir Herzog, o encontro marcou os 50 anos da morte de Vlado, ocorrida em 25 de outubro de 1975 nas dependências do Doi-Codi.
A cerimônia remete ao ato histórico realizado no mesmo local, dias após a morte de Herzog, que desafiou o regime militar e reuniu milhares de pessoas. No evento deste sábado (25), o filho do jornalista, Ivo Herzog, cobrou justiça. “[O que falta] é a investigação das circunstâncias dos crimes que foram cometidos, é um indiciamento dos autores dos crimes, estando vivos ou estando mortos, é o julgamento e a decisão do nosso poder judiciário se eles cometeram ou não cometeram crimes”, afirmou.
Ivo também criticou a demora do Supremo Tribunal Federal em julgar a ADPF 320. “Eu entendo que esse atraso, essa abstenção do ministro Toffoli, infelizmente, é uma cumplicidade com essa cultura de impunidade.”
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, esteve presente e declarou: “A morte do Vladimir Herzog foi o resultado do extremismo do Estado que, ao invés de proteger os cidadãos, os perseguia e matava. Por isso, fortalecer a democracia, a justiça e a liberdade”.
Ivo destacou a importância dessa presença oficial. “Hoje, na pessoa do presidente, Geraldo Alckmin, nós temos o Estado de mãos dadas com a gente, para reafirmar o compromisso com a democracia, reafirmar o compromisso com a justiça, reafirmar o compromisso com os direitos humanos, reafirmar o compromisso com a verdade.”
O ato contou com falas de líderes religiosos, como dom Odilo Scherer, a reverenda Anita Wright e o rabino Rav Uri Lam. Também participaram nomes como Luiza Erundina, Eduardo Suplicy, Juca Kfouri e José Dirceu. O Coro Luther King se apresentou durante a cerimônia, que incluiu vídeos com registros históricos e depoimentos de familiares de vítimas do Estado.
Jornalistas também realizaram uma caminhada desde o sindicato da categoria até a Sé. Thiago Tanji, presidente do SJSP, lembrou: “É importante lembrar que as pessoas que torturaram, assassinaram o Vladimir Herzog, não foram condenadas, não foram investigadas”.
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Foto © Paulo Pinto/Agência Brasil
Com informações de Agência Brasil

