DOCENTE DA USCS EXPLICA A IMPORTÂNCIA DA AMAZÔNIA E DOS “RIOS VOADORES”

Na data em que se comemora o dia da Amazônia (5/9), e às vésperas da realização da 30ª Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30), que deve transformar profundamente o debate sobre a Amazônia, colocando a floresta no centro das decisões climáticas globais, a atual realidade é de um dos principais ecossistemas do planeta afetado por desmatamento causado pelo avanço de atividades econômicas como a agropecuária e a mineração, desmatamento causado pela ação humana e motivado por questões econômicas ainda é um problema ambiental vigente e que ameaça a integridade da floresta. Com uma extensão de 6,7 milhões de km² e nove territórios, dentre os quais está o Brasil, a Amazônia tem papel fundamental para a manutenção do equilíbrio ambiental e térmico do planeta, desempenhando, ainda, um importante papel para a economia e para as populações locais.
Segundo estudo recente publicado na revista nature, o desmatamento da Amazônia responde por 74% da perda de chuva no bioma. “Esse ecossistema extremamente abundante na sua biodiversidade mantém as coisas mais significativas para a nossa qualidade de vida, que são o regime de chuvas, o equilíbrio da temperatura e a garantia de uma biodiversidade que possa manter e conter algumas doenças, até mesmo desconhecidas. A Amazônia tem um ambiente extremamente favorável para que se desenvolvam desde microrganismos até organismos maiores, a fauna, a flora e o microbioma que mantém a vida no nosso planeta”, explica a bióloga e coordenadora do Projeto IPH (índice de poluentes Hídricos da USCS, profª. Marta Marcondes. Ela explica que a Amazônia ainda abriga povos originários que são os chamados “povos da floresta”. Esses grupos, de várias etnias indígenas brasileiras, que sempre defenderam e preservaram esse importante bioma, também são afetados por questões como desmatamento, “ameaças para o bioma são ameaças para a vida desses grupos de pessoas tão importantes, os verdadeiros guardiões da floresta”, reforça.
Nesse contexto de preservação da Amazônia, é fundamental a existência dos chamados “rios voadores”. “Para que nós tenhamos chuva na região sudeste e sul, dependemos das nuvens que se formam na região da Amazônia. Na verdade, formam-se chuvas no oceano atlântico que adentram na região amazônica, essas nuvens são muito mais potencializadas com a evapotranspiração (evaporação da água do solo mais a transpiração das plantas) de todo o ecossistema amazônico. Elas resvalam na Cordilheira dos Andes, que impede que elas ultrapassem pro oceano pacifico e, assim, voltam para o Brasil, tomam mais potência no cerrado (centro oeste) e chegam à região sul e sudeste onde desaguam, então chamadas de rios voadores. Se por algum motivo não tivermos mais o sistema amazônico, não teremos mais o regime de chuvas que temos na região sudeste e na região sul, afetando a ocorrência das chuvas nas duas regiões” explica Marta.
A USCS e a COP30
Buscando dar visibilidade acerca das demandas da Amazônia, para levar à pauta da COP30, a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), por meio do projeto “Fortalecimento de Capacidades para a Resiliência Local”, promoveu os “Encontros Amazônicos Pré-COP30: Novas Alianças pela Amazônia”. O projeto vem sendo desenvolvido com o intuito de promover a integração entre os setores social, governamental, econômico, acadêmico, científico, tecnológico e inovador, a partir da escuta ativa de comunidades e atores estratégicos da Amazônia, levantando as principais demandas da região.
O projeto é uma parceria entre a USCS e a Universidad Metropolitana (Colômbia), com financiamento da Agência Norueguesa para a Cooperação e Intercâmbio (NOREC) e apoio do Centro Regional para a Cooperação em Educação Superior (CRECES Brasil), em parceria com atores locais , coordenado pelo docente da USCS, Daniel Vaz. Os encontros geraram documentos contendo propostas concretas voltadas ao desenvolvimento sustentável da Amazônia, com foco na justiça climática, na resiliência dos territórios amazônicos e no enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas na região, que foram entregues na Secretaria Geral da Presidência da República, em Brasília, em agosto de 2025.
Ana Paula Lazari (MTb 46.964)
Foto: Encontro Amazônico no Macapá (Nayana Magalhães_GEA)