FÉ DE TRATORISTA SALVA A CAPELA DE SÃO MATEUS NO JARDIM DA REPRESA

Essa é uma história real, daquelas que ficam guardadas no coração de uma cidade. Em meio às máquinas pesadas das obras do Rodoanel Trecho Sul, em 2010, um tratorista tomou uma decisão que mudou o destino de um pequeno espaço de fé no Jardim Represa, em São Bernardo do Campo.

A Capela de São Mateus havia sido inaugurada em 1996, no Sítio São Mateus, pertencente à família Demarchi. Construída com carinho, era um lugar de oração e acolhimento, cercado por mata nativa e memórias de décadas. Ali também estava uma gruta de pedras com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes — uma herança preciosa do Sr. Victorio Demarchi, fundador do sítio.

“Essa gruta, meu pai trouxe do sul. Ela tem pedras semi-preciosas, topázios, ametistas… e ficou 18 anos na garagem da minha irmã, virada de costas pra rua. Quando fui sorteada entre os 11 irmãos, pedi à minha mãe que ela fosse minha. E ela me deu. Assim nasceu a ideia da capela”, contou emocionada Olga Regina Demarchi.

Com a chegada do Rodoanel, o sítio de 55 mil metros quadrados foi quase todo desapropriado. Árvores centenárias vieram abaixo, a casa da colônia foi demolida e a área foi transformada no bolsão de estacionamento do km 69, sentido litoral. A capela também estava na rota das máquinas.

Mas quando o trator se aproximou, o operador parou. Desceu da máquina, fez uma oração e declarou: “Aqui eu não passo. Não vou derrubar a casa de Deus.” Sua atitude comoveu engenheiros e operários, e a capela foi poupada.

“Sou muito grata por ela ter permanecido ali”, disse Olga.

Antes da retirada da gruta, a família colocou no local uma imagem de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. A capela também marcou momentos importantes: celebrações em família, missas anuais e até bodas de prata. “Teve fogos, a missa de inauguração foi linda… ia muita gente. Era um lugar especial pra todos nós”, lembrou.

Hoje, a capela permanece de pé, mesmo com a movimentação intensa no entorno. “A gente ainda vai lá cuidar, colocamos uma grade para proteger, mas ela fica um pouco abandonada. Deveria ter acesso melhor para os motoristas”, reforça Olga

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