A obesidade é uma doença crônica e incurável, de natureza complexa e multifatorial, considerada como um problema de saúde pública, tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. É caracterizada pelo acúmulo anormal ou excessivo de gordura que prejudica a saúde, com uma ampla interação entre fatores genéticos e ambientais, apresenta graves dimensões psicológicas e sociais.
Diversas comorbidades estão associadas à obesidade como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias, esteatose hepática, apneia obstrutiva do sono, doenças cardiovasculares, osteoartrites, síndrome dos ovários policísticos, desordens gastrointestinais, problemas ortopédicos, síndrome metabólica, alguns tipos de câncer, entre outras.
O excesso de peso esta presente em 75% da nossa população sendo 50% de pacientes com sobrepeso e 25% obesos, está entre os três fatores de risco mais fortemente associados às mortes e incapacidades no Brasil.
Seu tratamento é baseado em modificações do padrão e comportamento alimentar, estímulo à prática de atividade física, psicoterapia e uso de medicamentos. Apesar de diversas propostas e protocolos terapêuticos, os resultados em longo prazo quanto à perda e manutenção de peso são pouco encorajadores, cerca de 2%.
Além do tratamento clínico, hoje existe a alternativa do tratamento cirúrgico para os pacientes com obesidade moderada (IMC >35) e com comorbidades ou obesidade mórbida (IMC >40). Para os pacientes com sobrepeso (IMC>27) ou obesidade leve (IMC>30) existem duas técnicas endoscópicas: o Balão Intragástrico e a Gastroplastia Endoscópica.
(IMC é o ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA: PESO DIVIDIDO PELA ALTURA AO QUADRADO).
A endoscopia bariátrica é uma área de atuação já consagrada na literatura para tratamento primário do sobrepeso e obesidade. O Balão Intragástrico (BIG) é o método mais amplamente utilizado, sendo uma prótese colocada no estômago que promove sensação de saciedade precoce e retardo no esvaziamento gástrico. Com durabilidade de seis meses a um ano, o BIG possibilita uma média de perda de peso de 15-18% do peso total. (Figura 1)

Figura 1. Balão intragástrico

Fonte: Empresa Apollo Endosurgery.
A Gastroplastia Endoscópica (GE) possui vasta literatura, mesmo sendo uma técnica mais recente. Tecnicamente, busca-se reduzir a capacidade gástrica por meio de uma sutura em todo corpo gástrico, transformando o estômago em uma câmara gástrica tubular, por via totalmente endoscópica. A GE propicia uma perda de peso média de 20-25% do peso total e tem durabilidade maior, quando comparada ao BIG. (Figura 2) Fonte: Empresa Apollo Endosurgery.

A grande novidade no Brasil é o Balão de engolir que já tratou mais de 100.000 pacientes em mais de 50 países em seis continentes até hoje. O balão é uma cápsula que será engolida e preenchida em uma visita ao consultório de 15 minutos sem qualquer cirurgia, endoscopia ou anestesia. E após 16 semanas o dispositivo esvazia sozinho e é eliminado pelo organismo não precisando ser retirado.
O Balão recebeu a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, e foi lançado no país em 2022.
A colocação é clinicamente comprovada em múltiplos estudos para demonstrar segurança e eficácia. Os pacientes perdem em média 15% de seu peso corporal total em aproximadamente 16 semanas, e até 95% da perda média de peso pode ser sustentada com um ano de acompanhamento.
Junto com o balão, os pacientes recebem apoio nutricional, físico e mental. Eles têm acesso a uma plataforma virtual, relógio Smart que se conecta a uma balança para monitoramento remoto da equipe médica e multidisciplinar. Juntos, estes elementos do programa levam a mais perda de peso do que uma dieta ou exercício físico sozinho e mudanças no estilo de vida que permanecem com os pacientes muito tempo depois que seu balão se foi.
O conceito principal é que a obesidade necessita de um tratamento individualizado, multidisciplinar para que o paciente utilize o melhor e mais apropriado método ao seu perfil para que possa atingir a sua meta e faça uma reeducação e acompanhamento permanentes.
Balão de engolir:

Créditos: Dr. Eduardo Grecco, gastrocirurgião e endoscopista do Instituto EndoVitta

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