ZOO DE SÃO BERNARDO, NO PQ. ESTORIL, RECEBE E CUIDA DE 580 ANIMAIS SILVESTRES AO ANO

Equipamento atua na recuperação de animais silvestres acidentados, órfãos ou resgatados; 35% dos que chegam para tratamento são devolvidos à natureza
Fundado em 1955, o Parque Estoril foi transformado na primeira Unidade de Conservação de São Bernardo em 2013, com o objetivo de garantir a preservação da Mata Atlântica, da fauna e da Represa Billings. Trinta anos depois, mais precisamente no dia 5 de outubro de 1985, o espaço passou a contar com um zoológico que virou referência no Grande ABC na recuperação de animais silvestres resgatados ou encontrados feridos. Sob o guarda-chuva da Secretaria de Serviços Urbanos, responsável pelo parque, o zoo tem à frente o veterinário Marcelo da Silva Gomes e recebeu em torno de 5.800 animais desde 2015, média de 580 a cada ano, dos quais pelo menos 35% foram devolvidos à natureza.
O zoológico ocupa uma área de cerca de 10 mil metros quadrados no interior do parque e abriga principalmente animais silvestres brasileiros, com foco no bioma Mata Atlântica. Segundo Marcelo, o equipamento mantém aproximadamente 350 animais, de cerca de 70 espécies, quase todas da fauna regional. Entre elas, as mais relevantes são onça parda, anta, jaguatirica, lontra, quati, macaco prego, bugio ruivo, veado catingueiro, saguis, corujas, gaviões, papagaios, araras, maritacas, jacaré do papo amarelo, jiboia e jaboti.
“Além de manter essa importante coleção da fauna nativa, o Zoológico atua na recuperação de animais silvestres vítimas de ações antrópicas. Anualmente recebemos, em média, 580 animais silvestres acidentados, órfãos ou resgatados, provenientes do próprio município e das outras cidades do Grande ABC. Tais indivíduos são cuidados pela equipe de técnicos e tratadores, submetidos a procedimentos que variam de uma simples avaliação até aleitamento artificial, cirurgias complexas e tratamentos longos e elaborados”, comentou.
RECUPERAÇÃO – Segundo ele, do total de atendidos, cerca de 35% recuperam-se completamente e podem ser devolvidos à natureza, 40% vão a óbito e outros 25% se recuperam com restrições físicas ou comportamentais. Estes últimos precisam ser mantidos permanentemente sob cuidados humanos, sendo incorporados à coleção do Zoo ou de outros empreendimentos de fauna acreditados pelos órgãos reguladores da fauna no Brasil.
O veterinário explicou ainda que 65% de todos os animais que chegam ao zoológico são resgatados no território de São Bernardo, enquanto os 35% restantes são encaminhados por municípios do entorno e, eventualmente, são enviados de locais mais distantes. O profissional argumentou que os avanços no setor veterinário, nos últimos anos, aumentam a “probabilidade de sucesso” no tratamento e recuperação de animais.
“Para isso, além de equipamentos e treinamento, vimos contando com a ajuda de vários parceiros veterinários. Na próxima segunda-feira (28/7), por exemplo, iremos realizar endoscopia em duas antas do plantel, para finalizar um tratamento de gastrite”, comentou Marcelo Gomes. Segundo ele, os dois animais estão no zoológico de São Bernardo há mais de 15 anos. “São animais que nasceram em cativeiro, no zoológico de Sorocaba, e vieram para cá. Então, são animais que nunca foram livres na natureza, e por isso não podem ser soltas.”
AVES – O Zoológico de São Bernardo recebeu, só neste ano, em torno de 17 aves que estavam enroscadas em linhas de pipa ou feridas, na sua maioria corujas e gaviões. A última vítima do uso de cerol na linha foi uma Jacurutu, a maior coruja do Brasil, encaminhada na segunda-feira (14/7) pela Prefeitura de Santo André. Ao examinar o animal de 1,1 quilo, a equipe de veterinários da unidade, coordenada por Marcelo Gomes da Silva, se deparou com uma ferida extensa, e contaminada, o que exigiu a amputação do membro.
Outras duas corujas chegaram nesta semana, uma delas com fratura em uma das asas, na perna e na coluna, e não resistiu; a segunda deve ter caído em algum local com óleo, e tem sido cuidada com banhos diários para retirada do produto.
