A HISTÓRIA DA “ANSIEDADE” POR DR. RONALDO CORREIA

A HISTÓRIA DA “ANSIEDADE” POR DR. RONALDO CORREIA

Todos nós conhecemos alguém que relata estar tratando “ansiedade”, que geralmente é o nome popular utilizado para se referir a uma condição frequente denominada “transtorno de ansiedade generalizada”.

A primeira coisa a se notar, é que há uma diferença importante entre as sensações de medo e ansiedade: o medo é uma emoção desencadeada por algo específico e imediato – quando nos deparamos com um cão nervoso, por exemplo. Já a ansiedade é um estado prolongado de alerta ligado a mera possibilidade de uma ameaça – A possibilidade de ser assaltado ao sair de casa ou a possibilidade de perder o emprego. Resumindo, a sensação de ansiedade é uma reação a uma possível perda futura.

Quando funcionando normalmente esse estado de alerta faz parte de um mecanismo de autopreservação, ajudando a evitar perigos e buscar a resolução de problemas.

Nos transtornos de ansiedade, o problema é o surgimento de um estado mental de alerta e preocupação constantes, e qualquer imprevisibilidade ou incerteza pode servir de gatilho.

Sintomas como palpitação, tremores, hipertensão, insônia e baixa concentração podem trazer muitos problemas para o indivíduo, comprometendo a capacidade para o trabalho e contato social. Em algumas ocasiões podem ocorrer os “episódios de pânico”: situações de mal-estar intenso associado a sensação de morte iminente que podem ser facilmente confundidos com infarto cardíaco pelos pacientes e familiares.

Também precisamos levar em consideração que somos constantemente submetidos a conviver com estímulos incômodos para a forma como nosso cérebro funciona: ambientes fechados com muitas pessoas, ruídos altos, e sobrecarga de estímulos visuais.

Mas tudo que foi explicado até esse momento resume a visão que temos da “ansiedade” hoje. Mas nem sempre foi assim…

Na Grécia antiga, diversos filósofos como Hipócrates (pai da medicina) e Seneca escreveram sobre pessoas com problemas envolvendo uma sensação de desconforto relacionada a preocupação com o futuro, não vivendo plenamente o presente. Inclusive, as palavras “ansiedade” e “angústia” tem origem no verbo “ango” do latim, que remete a “estreitar” ou “apertar”.

Curiosamente, por séculos depois da antiguidade clássica, o conceito dessa “preocupação” como origem de um problema de saúde foi abandonao. É óbvio que as pessoas com transtorno de ansiedade continuaram existindo, mas eram classificadas com outros diagnósticos e atribuídas outras causas para seus sintomas.

Essa visão perdurou até 1621, quando o médico Robert Burton voltou a incluir esse fator como possível causa de problemas, observando que em alguns casos existe uma associação destes com sintomas depressivos.

No século XVIII, muitos médicos escreveram relatos de ataques de pânico, mas não entendiam que a causa desses episódios tinha a ver com a ansiedade em si.

No fim do século XIX, com a contribuição de profissionais como Emil Kraepelin, Pierre Janet e Sigmund Freud, passou a ser levado em consideração a existência de “gatilhos” inconscientes que podem desencadear os sintomas de ansiedade.

Ao longo do século XX, pesquisadores descobriram que existem ainda outros fatores importantes relacionados, como bioquímica e genética. Outra novidade importante foi o fato de diversas condições que geram a sensação de ansiedade terem sido agrupadas sob um mesmo conjunto, os chamados “Transtornos de ansiedade”.

Em termos de tratamento com medicamentos, somente em 1960 foi lançado no mercado a primeira medicação para ansiedade. Hoje em dia, ao menos outras 4 famílias de medicações podem ser úteis no tratamento de transtornos de ansiedade.

Além destes, alguns estudos científicos aos poucos trazem à tona novas opções de tratamento como os derivados de Cannabis (maconha medicinal), que aos poucos vêm se mostrando uma promissora opção de tratamento para pacientes que não respondem bem as medicações clássicas.

Também é importantíssimo destacar a importância dos tratamentos não medicamentoso dos transtornos de ansiedade, em especial a psicoterapia, mas também outras medidas como atividade física regular, meditação, e exercícios de respiração.

Dr. Ronaldo José de Oliveira Correia

CRM 119542

Médico formado pela faculdade de medicina do centro universitário Barão de Mauá

Docente da faculdade de medicina da Universidade de São Caetano do Sul (USCS)

Mestre pela Faculdade de medicina da Universidade de São Caetano do Sul (USCS)

https://clinicaverdevida.com.br/

Instagram @clinicaverdevida

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