CASA DA MULHER PAULISTA EM SÃO BERNARDO É RECOMEÇO EM MEIO À CRESCENTE VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NO BRASIL

A recente divulgação do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública reforça uma realidade assustadora no País: em 2024, o Brasil registrou 87.545 casos de estupro, praticamente uma vítima a cada seis minutos, além de 1.492 feminicídios, maior número desde a promulgação da Lei do Feminicídio, em 2015. Dois dias após a divulgação desses dados, o caso brutal de Juliana Garcia dos Santos Soares, agredida violentamente pelo então companheiro, o ex-jogador de basquete Igor Cabral, ganhou repercussão nacional, chocando o país. Foram 61 socos que Igor desferiu contra Juliana dentro de um elevador. 

Diante desse cenário, espaços como a Casa da Mulher Paulista em São Bernardo do Campo, administrada pela ONG Ficar de Bem, em parceria com a Prefeitura municipal e Secretaria de Assistência Social (SAS), reafirmam sua importância estratégica no acolhimento e empoderamento de mulheres em situação de vulnerabilidade. A unidade oferece atendimentos especializados com suporte jurídico, psicológico e de assistência social, prestando um serviço essencial para a reconstrução da autoestima e retomada da vida com dignidade.

Além do acolhimento imediato e da escuta qualificada, a Casa realiza ações voltadas para a autonomia financeira e emancipação feminina, com oficinas, cursos profissionalizantes e orientação para inserção no mercado de trabalho, pilares fundamentais para que as assistidas possam quebrar ciclos de violência e, principalmente, dependência. 

“Nosso trabalho não é apenas conter o impacto da violência, mas oferecer às mulheres as ferramentas para reconstruírem suas trajetórias com liberdade, segurança e independência. Precisamos atuar tanto na urgência quanto na transformação”, afirma a gerente de projetos da ONG Ficar de Bem, Sara Gonçalves. 

Com os dados de 2024 apontando que 80% das mulheres assassinadas foram mortas por companheiros ou ex-companheiros, a atuação de espaços como da unidade são bernardense ganha ainda mais relevância, além de ser um ponto de apoio são também símbolos de mudança em um País onde, infelizmente, ser mulher ainda significa correr riscos diários. 

“Importante ressaltar que esses números são apenas uma parte dos problemas. Existem ainda as mulheres que não denunciam por medo, sofrem chantagens e outros percalços que deixam de lado a denúncia. Então, espaços de acolhimento e escuta qualificada fortalecem a coragem e o entendimento dos caminhos que elas precisam percorrer para seguirem bem e com segurança”, completa Sara.  

A Casa da Mulher Paulista em São Bernardo funciona de portas abertas para a população, fortalecendo redes de proteção, promovendo dignidade e reafirmando o direito de cada mulher a viver sem medo, com atendimento psicossocial individual e em grupo, acompanhamento e escuta qualificada, orientações sobre direitos e encaminhamentos à rede de proteção, atividades de empoderamento e fortalecimento da autonomia. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. 

Em caso de denúncias, o caminho é ligar para o 180 ou para a Patrulha Guardiã Maria da Penha pelo número 153. Se a mulher estiver machucada e precisando de cuidados médicos, o ideal é ir para uma UPA mais próxima ou acionar a Guarda Civil Municipal (GCM) pelo 153. Informe que foi vítima de violência doméstica, tanto na unidade de saúde quanto aos agentes.

Foto Divulgação/ Freepik

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