O SHABAB QUE DEU CERTO EM SANTO ANDRÉ

O SHABAB QUE DEU CERTO EM SANTO ANDRÉ

Há 46 anos, a Esfiha Shabab’s dá o tom do tempero mediterrâneo na cidade

O nome da Esfiha Shabab’s tem origem na forma carinhosa como tios libaneses se referiam aos sobrinhos que moravam no Brasil: shab, que significa jovem em árabe, e shabab, grupo de jovens. A adaptação com a apóstrofe abrasileirou o nome e deu o tempero certo para um estabelecimento que, há 46 anos, trouxe o sabor autêntico da culinária mediterrânea para a Região do ABC.

Raízes e trajetória

A história começou com a guerra civil no Líbano (1975-1990) e uma despretensiosa viagem de férias ao Brasil do libanês Samir Jomaa, sócio-proprietário da Esfiha Shabab’s. Em 1975, ele veio visitar três irmãos que já moravam aqui e planejava voltar, mas, poucas semanas depois, o conflito estourou e os aeroportos foram fechados. O tempo passou e, após dois anos sem renda, decidiu que precisava trabalhar. Foi então que, junto com o irmão Ahmad Jomaa; o cunhado, Abdul Nehm e o conterrâneo Ali Raiab, resolveu abrir um restaurante de comida libanesa.

Em 1978, inauguraram a Esfiha Santo André, num amplo salão na esquina da Rua Bernardino de Campos, onde antes funcionava uma churrascaria. Durante 23 anos, o restaurante conquistou o paladar da cidade. Com o tempo, perceberam a necessidade de um formato mais prático, fácil de administrar e com melhor localização para estacionamento dos clientes.

A Esfiha Shabab’s é filiada ao Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC) e conta com todos os benefícios oferecidos pelo sindicato patronal. “Ficamos satisfeitos em ver que os estabelecimentos prosperam, que a região tem uma ampla culinária para atender todos os públicos”, disse Beto Moreira, presidente do Sehal.

Uma nova fase

Assim, em 11 de junho de 2001, nasceu a Esfiha Shabab’s, na Avenida Portugal, em Santo André, onde permanece até hoje. Na mudança de ponto, também veio a alteração do nome, pensada para possibilitar futuras expansões. “A ideia foi adotar a forma carinhosa como os tios libaneses do meu pai se referiam aos jovens sobrinhos: shab (rapaz) e shabab (rapazes)”, explica Sami Jomaa, filho de Samir Jomaa, atual sócio do negócio.

Tradição que atravessa gerações

Aos 81 anos, Samir Jomaa reflete sobre a trajetória de dedicação, trabalho e amor pelo que faz. “Acima de tudo, é preciso acreditar e ter vontade de vencer. Hoje, fico feliz em ver meu filho mantendo a tradição e reconhecendo nosso esforço”, afirma.

Sami cresceu dentro da esfiharia, ajudando o pai desde os 10 anos. E pelo jeito, o legado continua: seu filho, o pequeno Amir Jomaa, já demonstra intimidade com a cozinha.

Depois de uma carreira acadêmica como professor e diretor de escola, em 2021, aos 34 anos, Sami decidiu assumir de vez o restaurante. A perda de um dos tios durante a pandemia da Covid-19 marcou essa transição. “Os outros parentes não quiseram continuar. Hoje, o restaurante é tocado apenas pela nossa família”, conta Sami.

O sabor do Mediterrâneo

A rotina da Esfiha Shabab’s é intensa: pai e filho dividem turnos, cobrindo o funcionamento das 11h às 23h. E foi com essa dedicação que o restaurante se tornou referência em comida mediterrânea na região.

Nas noites de sexta-feira, o pico do movimento intensificado pelo delivery, chegam a ser vendidas até duas mil esfihas. Mas o cardápio vai muito além disso. O carro-chefe inclui pratos tradicionais como falafel (bolinho de grão-de-bico), coalhada seca, babaganuch (pasta de berinjela), homus (pasta de grão-de-bico), quibe cru e fatuche (salada típica).

O tempero e o paladar são fiéis às raízes da família. “Se você for ao Líbano ou a qualquer lugar do Mediterrâneo e pedir um prato, vai notar que é muito semelhante ao nosso daqui”, garante Sami.

Por trás dessa tradição culinária está a brasileira Maria Amália Jomaa, de 71 anos, esposa de Samir, mas adaptada aos costumes libaneses. Foi com a convivência familiar que ela aprendeu os segredos da gastronomia daquela região. Desde os tempos da Esfiha Santo André, é ela quem treina a equipe da cozinha. “Minha mãe cozinha igual às minhas tias libanesas”, destaca Sami. Hoje, pai e filho comandam um time de 37 funcionários que mantêm viva essa tradição de sucesso.

Um vizinho ilustre

Além de atrair a comunidade árabe em busca do verdadeiro sabor da terra natal, o restaurante recebe um público diverso. Instalado em frente à prefeitura e à câmara municipal, tem um ilustre vizinho. “Vários prefeitos e vereadores frequentam a casa”, comentou Sami.

O prefeito Gilvan Júnior afirma que se trata da melhor esfiha da região e destaca a qualidade, atendimento e tradição. “Quando recebo algum outro prefeito costumo levar lá”, disse. O seu sabor preferido? Frango com catupiry.

Bem localizado, o estabelecimento traz clientes das proximidades. Profissionais do fórum, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de clínicas e consultórios frequentam a Shabab’s na hora do almoço. E o atendimento continua no período da tarde e à noite, intensificado pelo serviço de entrega.

Sobre o Sehal

Fundado em 12 de julho de 1943, o sindicato é uma entidade sem fins lucrativos e tem como objetivo apoiar os empresários reciclando conhecimento em várias áreas. É também considerado um dos sindicatos patronais mais atuantes do Brasil em razão das diversas conquistas e expansão no número de associados.

Fotos: Divulgação

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